6.4.10

18h49

No metrô uma menina chorava.
Pensei o que poderia ter acarretado tantas lágrimas e visível dor.
Rosto vermelho, olhos inchados e coração apertado.
As águas que escorriam pelo rosto da alma triste condiziam com o tempo chuvoso e frio, havia chuva e vento dentro e fora do mundo daquela garota.
O olhar dela se cruzou com o meu...acho que sentiu vergonha ou espanto, porque logo em seguida desviou os olhos bruscamente.
Mas eu não consiguia não olhar para ela.
Não sei se foram as lágrimas tão puras e claras ou se foram os olhos tão profundos e bravios, mas algo prendia minha atenção a ela ao ponto de ficar completamente hipnotizado por aquele ser que parecia utópico.
As lágrimas continuavam a escorrer e quanto mais ela chorava mais encantadora e limpa se tornava!

O metrô chegou em mais uma estação, antes de descer ela olha para mim mais uma vez, meu coração bateu mais forte, fiquei surpreso.
Sem expressão alguma, nem nos olhos nem no rosto, a garota parte enfim.
Parecia que um buraco havia se fomado em meu peito, me liguei a ela de uma forma que não sei explicar, não sei medir, nem contar.
Só sei que era surreal e eu a queria como um enfermo quer cura!


Como se tivesse acordado de um sonho vi que chegara ao meu ponto de descida.
Dei de ombros e parti, deixando para trás minha alma que escorreu junto com as lágrimas daquela garota em meus sonhos.

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