20.4.10

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Ontem tentei ver o sol.
Não era um sol qualquer, não era uma cor qualquer, nem um dia qualquer.
O sol estava grande e imponente, a cor era alaranjada e pela vidraça das janelas dos prédios era possível ver o tamanho da intensidade daquela luz, o dia estava meio triste e morno, me sentia em plena distração e agonia.
Na selva de pedra, com milhares de edifícios em volta, o meu vislumbre daquele pôr-do-sol durou apenas 2 segundos, tentei olhar através de carros e colinas, areia e pó, mas tudo foi em vão.
Por alguns segundos foi como se eu tivesse visto a famosa 'luz no fim do túnel', quis me agarrar ao laranja como se fosse uma corda muito resistente pra me tirar do poço, pra me puxar de volta à vida, pra devolver ar aos meus pulmões. Por 2 segundos senti o primeiro sopro voltar ao meu corpo e logo em seguida me abandonar de novo, me largar sozinha em meio a tanto breu e morfina.
Acho que a felicidade pode ser assim, quando ela vem dura 2 segundos e depois nos abandona, assim como uma mãe abandona o filho, pelo menos pra mim é assim.
Mas não tem importância, do meu jeito sou feliz na tristeza, somos ligadas e e unidas há muito tempo, meu laranja está nas lágrimas e agulhadas. Me contento em voltar a viver por 2 segundos, melhor do que nada, tento pensar, melhor do que não ter tido esses 2 segundos, melhor do que chorar sem o laranja, melhor do que morrer sem sugar o sopro.

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