20.4.10

(...)

Ontem tentei ver o sol.
Não era um sol qualquer, não era uma cor qualquer, nem um dia qualquer.
O sol estava grande e imponente, a cor era alaranjada e pela vidraça das janelas dos prédios era possível ver o tamanho da intensidade daquela luz, o dia estava meio triste e morno, me sentia em plena distração e agonia.
Na selva de pedra, com milhares de edifícios em volta, o meu vislumbre daquele pôr-do-sol durou apenas 2 segundos, tentei olhar através de carros e colinas, areia e pó, mas tudo foi em vão.
Por alguns segundos foi como se eu tivesse visto a famosa 'luz no fim do túnel', quis me agarrar ao laranja como se fosse uma corda muito resistente pra me tirar do poço, pra me puxar de volta à vida, pra devolver ar aos meus pulmões. Por 2 segundos senti o primeiro sopro voltar ao meu corpo e logo em seguida me abandonar de novo, me largar sozinha em meio a tanto breu e morfina.
Acho que a felicidade pode ser assim, quando ela vem dura 2 segundos e depois nos abandona, assim como uma mãe abandona o filho, pelo menos pra mim é assim.
Mas não tem importância, do meu jeito sou feliz na tristeza, somos ligadas e e unidas há muito tempo, meu laranja está nas lágrimas e agulhadas. Me contento em voltar a viver por 2 segundos, melhor do que nada, tento pensar, melhor do que não ter tido esses 2 segundos, melhor do que chorar sem o laranja, melhor do que morrer sem sugar o sopro.

(...)

12.4.10

Quel que soit le coût

Cansei de dramas melodramáticos!
Cansei de fingir ser uma coisa que não sou!
Cansei de me privar de experiências que me fazem bem!
Cansei de pensar mais nos outros do que em mim mesma!
Cansei de amar quem não me ama!
Cansei de me preocupar com o que é desnecessário!
Cansei de viver uma vida que querem que eu viva e não a vida que EU quero viver!
Cansei de guardar minhas opiniões!
Cansei de ter minhas asas cortadas!

Decidi dizer adeus e continuar caminhando sozinha como uma ovelha desgarrada.

6.4.10

18h49

No metrô uma menina chorava.
Pensei o que poderia ter acarretado tantas lágrimas e visível dor.
Rosto vermelho, olhos inchados e coração apertado.
As águas que escorriam pelo rosto da alma triste condiziam com o tempo chuvoso e frio, havia chuva e vento dentro e fora do mundo daquela garota.
O olhar dela se cruzou com o meu...acho que sentiu vergonha ou espanto, porque logo em seguida desviou os olhos bruscamente.
Mas eu não consiguia não olhar para ela.
Não sei se foram as lágrimas tão puras e claras ou se foram os olhos tão profundos e bravios, mas algo prendia minha atenção a ela ao ponto de ficar completamente hipnotizado por aquele ser que parecia utópico.
As lágrimas continuavam a escorrer e quanto mais ela chorava mais encantadora e limpa se tornava!

O metrô chegou em mais uma estação, antes de descer ela olha para mim mais uma vez, meu coração bateu mais forte, fiquei surpreso.
Sem expressão alguma, nem nos olhos nem no rosto, a garota parte enfim.
Parecia que um buraco havia se fomado em meu peito, me liguei a ela de uma forma que não sei explicar, não sei medir, nem contar.
Só sei que era surreal e eu a queria como um enfermo quer cura!


Como se tivesse acordado de um sonho vi que chegara ao meu ponto de descida.
Dei de ombros e parti, deixando para trás minha alma que escorreu junto com as lágrimas daquela garota em meus sonhos.