1.4.11

White Noise

Não consigo me desprender de mim, daquilo que me forma.
Toda essa massa pastosa e podre não é o que eu sou. O meu interior é o meu eu!
Todo o sangue quente e pulsante, o coração batendo, os órgãos funcionando. Por baixo disso tudo está a minha alma, que também sou eu. Mesmo chorosa e cheia de cicatrizes a alma é minha e é o meu eu. Queria poder transpor a alma pra fora, sem forma, sem cor, mostrar o meu eu, expor as feridas e chocar as pessoas.
Quando se conhece o eu real de alguém se conhece a pessoa inteira. Quando conhecem o meu eu real não me conhecem por inteira, porque eu sou metade. Falta algo em mim e minha busca pela metade que falta não traz algo que complete. Muitas coisas são acrescentadas, mas nada completa.
A vontade de querer ser inteira me faz querer me desprender de mim, me lançar pra longe. Se eu conseguir existir de dentro pra fora talvez ache o que falta para eu ser completa. Se eu jogar minha alma ao vento talvez ela seja levada para o que vai completá-la. Pedras, nuves, doces...talvez seja algo físico. Talvez a minha metade seja o vermelho de uma rosa ou o transparente de um rio.
Talvez quando eu me sentir completa eu seja inteiramente feliz. Ou talvez eu só esteja tendo um pesadelo e a felicidade é o monstro que quer roubar meu eu e lançá-lo ao nada. Ou o nada é o complemento do meu eu, o nada rejeitado pelo mundo. Rejeição mais falta é a soma da minha alma. Então por que ainda me sinto incompleta? Acho que ainda falta mais um complemento à soma. Talvez risos ou carinho ou abraço ou vinho ou morte...

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