27.11.09

À espera da primavera

As lágrimas secaram.
O choro passou, mas não a dor.
A dor continua ali, afiada como uma lâmina que perfura o coração que não sara nunca.
A dor da existência, a dor da solidão, a dor da incerteza, a dor dos dissabores, a dor da dor.
Dói no peito e corrói a alma saber que você anda e vela sozinho, não há ninguém em volta, dentro ou fora, à direita ou esquerda.
Tudo é silêncio e cinza. É possível escutar ao longe onde o silêncio termina. Ele acaba onde o choro começa, é o choro da dor e da mágoa que quebra a barreira do silêncio.
Há silêncio fora e dentro de mim, tudo é vazio, triste e hostil.
A lâmina continua fincada no coração, impedindo que ele pulse, impedindo que ele ouse e sare.
A dor persiste, o choro volta, as lágrimas caem.
Quando será que acaba o inverno interior e começa a primavera inexistente?

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